Análise dos Resultados do Censo Agências 2020, por Rafael Kiso – mLabs
Confira na íntegra a análise dos resultados feita pelo Rafael Kiso, CEO da mLabs.
É sempre muito interessante olhar o Censo Agências, pois dá para perceber o crescimento do mercado, assim como a maturidade das agências no Brasil.
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O pensamento agora é on-life
O Censo Agências 2020 mostrou claramente que temos muitas novas agências pequenas no mercado (49% dos respondentes). O que chama atenção é que 44,8% se declara como full service e 39,1% como digital.
Em minha opinião isso mostra que a divisão On e Off perdeu força e estamos caminhando novamente para uma oferta integrada. Estamos passando da fase em que o on-line é melhor que o off-line. O pensamento agora tem que ser On-Life, com a premissa de que o consumidor é Always-on, mesmo quando está num supermercado diante de uma gôndola ou no carro indo para o trabalho.
O consumidor é o mesmo em ambos os cenários, e as agências deveriam entender cada vez mais a jornada do cliente Always-on para oferecer seus serviços. Os QR codes, IoT e muita criatividade ajudam nessa integração.
O fato da maioria das agências serem novas no mercado, reflete o dado de que 61,2% está no momento de organizar melhor suas operações: melhorar o gerenciamento dos processos na empresa. Não coincidentemente, 61,3% das empresas são de empreendedores de primeira viagem.
E onde fica a estratégia?
Consequentemente as ofertas de serviços dessas agências são mais táticas do que estratégicas. Falta experiência do time para entender de negócios e ajudar o cliente a ter mais resultados. Um dado que mostra isso claramente é que quem exerce um papel consultivo na agência é o próprio dono. Mais de 70% exerce um papel de planejamento e acumula o papel de atendimento.
O reflexo disso é que o serviço mais rentável, segundo os respondentes, é o serviço de gestão de mídias sociais (50,5%). O que chama atenção, pois esse tipo de serviço já está virando commodity no mercado e provavelmente não deve ter uma margem de contribuição grande quando o assunto é rentabilidade.
Muitos podem ter se confundido aqui, pois de fato esse serviço deve ter o maior volume em faturamento, mas não em rentabilidade. O serviço de Consultoria de Marketing, por exemplo, é o serviço que deveria ter a maior rentabilidade.
Mas, como ficou em quinto lugar no ranking da pesquisa, eu presumo que a maioria das agências respondentes não consegue vender isso facilmente por não terem experiência.
Em casa de ferreiro…
Essa falta de experiência faz com que aquela máxima aconteça: “em casa de ferreiro o espeto é de pau”. 60,7% tem dificuldade de prospectar novos clientes, apesar de vender serviços que ajudam clientes a conquistar mercado. 47,8% das agências vivem de indicação.
O que não é ruim, mas é sempre imprevisível viver de indicação. Uma grande parte (39,9%) não faz praticamente nada para reter os clientes.
Portanto, não por acaso, 50,9% das agências perdem contratos pelo fato dos clientes não enxergarem valor no serviço prestado. Em segundo lugar, com 15,1%, as agências perdem clientes por causa da concorrência. A diferença é grande entre o primeiro fato e o segundo.
Como fica a saúde da agência?
Se o serviço de mídias sociais é o serviço mais vendido e rentável para a agência, será que as mídias sociais não funcionam ou é a agência que não sabe fazer direito? A resposta mostra que você (agência) é o seu próprio concorrente.
A maioria das agências (44,8%) vai tomar a medida de aumentar força de prospecção. Entretanto, sem arrumar dentro de casa ou capacitar melhor o seu time. Acho que não irá adiantar, certo?
Dos problemas internos, 38,5% acredita que o problema é a gestão interna. Somente 17,4% acha que tem que investir mais em capacitação. Isso deveria ser invertido, já que será difícil de contratar alguém sênior.
As ferramentas fazem sim, diferença!
Quando o assunto é processo e ferramentas, 43,9% tem o desafio de aumentar a produtividade da equipe e 39,5% tem dificuldade de organizar os processos. Sem dúvidas a adoção de ferramentas ajuda muito na produtividade, a mLabs mesmo já é a ferramenta mais usada para gestão de redes sociais e reduz muito o tempo gasto em atividades como postagens, aprovações, sac social, entre outros.
Apesar da mLabs já estar presente em diversas agências, somente 51,5% adotam algum software para ajudar na gestão de atividades / projetos. Praticamente metade das agências não usam ferramentas.
E o lucro?
Em qualquer negócio, principalmente em agências, é necessário ter lucro. Para isso é importantíssimo ter controles e saber precificar bem os serviços. Acima de tudo, ter métricas de negócio para saber que o que está sendo entregue está gerando valor para o cliente.
O que chamou bastante a atenção dentro desse contexto, é que 47,9% não faz controle de horas de trabalho dos seus colaboradores. Embora a agência possa querer instaurar uma cultura por resultados, isso é um dos principais problemas de vazão de lucratividade.
Isso só funciona se o modelo de negócios é focado em revenue share. No modelo tradicional de serviços, onde o orçamento é baseado em horas de trabalho, é importante controlar as horas. Somente 30% das agências montam seu preço com base em horas e 40,4% montam o preço com base em complexidade e porte do cliente.
Quem mais se organiza, provavelmente mais lucra
Em contrapartida, dos 37,6% das agências que usaram uma ferramenta de timesheet, 66,7% sentiu uma melhora na assertividade da precificação. Consequentemente devem ser agências mais lucrativas.
O futuro das agências, em minha opinião, é cada vez mais consultivo e menos operacional. Com base que há uma proliferação de freelancers, além de diversas ferramentas disponíveis no mercado.
Tática e Estratégia caminhando juntas
É claro que a criatividade de uma agência é um diferencial. Mas, basear seu modelo somente em serviços táticos de criação de posts, por exemplo, é contar os dias para fechar as portas. As contas dificilmente vão fechar.
Quando você sabe aliar o conhecimento em marketing, negócios e o tático, aí sim você tem uma combinação de valor. Tem que fazer o cliente ter mais resultados a cada estágio de maturidade dele no digital, isso é valor. Pense nisso!
Você também pode conferir nosso podcast do Censo Agências em parceria com a Agência de Bolso clicando aqui.
Sucesso pra você em 2020!
Rafael Kiso,Fundador e CMO da mLabs. CDO e membro do conselho na Focusnetworks. Professor Especialista na Digital House.
Mlabs: www.mlabs.com.br
- Por Autor Convidado em 03/03/2020
- Categoria: Gestão, Produtividade, Universo Operand