Perguntar vs. Adivinhar: a cultura das relações no escritório
Descolado, formal, caseiro, com cara de praia. Não importa qual o clima do seu escritório. As chances são grandes de que você já tenha que pedir um favor para seu colega de trabalho e não se sentiu muito confortável por isso. Ou, talvez, você estava passando por dificuldades com seus afazeres e não sabia muito bem como pedir por ajuda. Por medo de retaliação ou por vergonha de parecer incapaz. Quando, eventualmente, alguém surge para lhe ajudar sem que você tenha pedido. Estas situações representam um dos lados da moeda na cultura “Perguntar vs. Adivinhar”, o lado que pode te prejudicar (e ao todo). Afinal, qual é o melhor perfil comportamental no trabalho?
Segundo Andrea Donderi, quem ganhou uma certa fama na web por seu comentário sobre o assunto, a cultura “Perguntar vs. Adivinhar” consiste em diferenças no perfil das pessoas que faz com que elas sejam “adivinhadoras” ou “perguntadoras” – o que influencia os relacionamentos interpessoais.
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O perfil perguntador
Andrea descreve o perfil perguntador como quem sempre busca o contato direto. E também um questionamento para receber uma resposta sobre um assunto ou para pedir um favor. Ou seja, tendo em mente que poderá receber uma resposta negativa.
O perfil adivinhador
Já as adivinhadoras buscam formas alternativas de alcançar suas respostas. Contam com seu conhecimento sobre o contexto em que estão inseridas. E sobre o quanto sabem sobre as pessoas a sua volta, apenas pedem ou perguntam algo quando já têm quase certeza da resposta.
Colocando em termos práticos:
Aquele seu amigo do escritório que te pediu carona ontem de manhã e hoje pediu para que você o ajudasse com uma peça que ele está fazendo, provavelmente tem um perfil comportamental no trabalho que pede e faz perguntas sem pudor e simplesmente busca resultados ativamente.
Ao contrário, seu outro colega de trabalho, quem normalmente fica constrangido ao pedir um favor e espera até o último instante para avisar que não está conseguindo desenvolver seu trabalho, tem grandes chances de ser uma pessoa adivinhadora.
Qual é o melhor perfil comportamental no trabalho ?
O comentário de Andrea diz que não há certo e errado entre estes dois perfis. São apenas as formas de cada um agir e reagir às situações do dia a dia. Contudo, nós chegamos à conclusão de que, no ambiente de trabalho, o perfil perguntador deve ter preferência. E que devemos incentivar as pessoas a terem a liberdade de pedir e perguntar a hora que quiserem.
E por que o perfil perguntador tem preferência?
No ambiente de trabalho estamos constantemente precisando de evolução rápida e os clientes precisam dos resultados sempre precisos. Perguntas, conversas e discussões diretas sobre os assuntos que envolvem os trabalhos desenvolvidos são formas de cortar caminho entre o planejamento de algo e a execução, entre a ideia e o resultado.
Além disso, os integrantes do time dependem um do outro para que tudo dê certo, é preciso ter confiança e liberdade de questionar um ao outro e propor conversas para que todos estejam sempre alinhados com o objetivo e as estratégias para chegar lá (e a gestão deve incentivar isso). Ou seja, pedir ajuda e favores entre colegas de trabalho precisa ser recorrente, por mais que as vezes o não seja a resposta mais sensata, todos precisam se sentir à vontade para solicitar ajuda e, assim, não desperdiçar tempo em apenas um job. Independentemente o perfil comportamental no trabalho, um líder deve fazer as pessoas se sentirem confortáveis.
A ideia é que, através do incentivo para que as pessoas desenvolvam mais seu lado perguntador. E que todos se sintam livres para sempre questionar, conversar e debater sobre os mais diversos tópicos que possam aparecer. Desta forma, além de acelerar os processos, isso faz com que o time fique mais unido. E também novas ideias surjam (esse é o efeito do debate) e evita erros pela falta de comunicação – o que pode gerar alterações nos trabalhos, atrasos e muita dor de cabeça.
E como incentivar mais debates e desenvolver os perfis perguntadores?
Um bom lugar para começar é com você mesmo. Seja mais ativo quanto às suas dúvidas e questionamentos. Não tenha vergonha de perguntar e de pedir algo para seus colegas. Promova reuniões e debates em grupo sobre os trabalhos e sempre procure conversar mais sobre os assuntos do escritório – pode ser no almoço, no happy hour ou naquela “noite de pizza” no trabalho (quando todos queriam estar em casa), de repente podem sair novas ideias durante esses momentos de menor tensão.
Contudo, seja bastante fluído e natural sobre tudo isso, tente não forçar as conversas e os debates. Procure proporcionar esses momentos quando a equipe está em dúvida sobre uma tarefa. Ou quando alguém está com dificuldade em relação a um projeto. Certamente, cada perfil comportamental no trabalho precisa de determinado tipo de atenção.
E, claro, quando pedir ajuda ou um favor, tenha em mente que você poderá receber uma resposta negativa. E isso não deverá ser um problema. Talvez seu colega estivesse com a pauta cheia ou não sabe como ajudar de forma efetiva (cabe um debate aí! – percebeu a naturalidade do processo?).
Lidere com liberdade
Outro lugar importante para incentivar a liberdade de discussões e perguntas é diretamente na gestão da empresa. Se você é o gestor ou gestora da equipe (se não, passe esse texto para ele ou ela), não há ninguém melhor para ajudar a mudar comportamento do que você.
O líder deve ser a pessoa mais acessível da equipe. E para qualquer coisa, tirar dúvidas, fazer uma reunião, ajudar numa tarefa complicada. Através do seu próprio comportamento de contribuição, você inspira seus próximos a fazerem o mesmo e aumentar a colaboratividade da equipe como um todo.
Além disso, você pode (e deve) estar constantemente questionando as coisas e trazendo debates para que os trabalhos saiam melhores. Apenas lembre-se de que questionar, não significa diminuir o trabalho de alguém. Mas buscar formas de dar mais força ao argumento daquele trabalho e para que novas ideias surjam em meio ao debate.
Um líder manda ou incentiva?
Outra questão importante para se manter em mente é que o gestor exerce certo poder sobre a equipe. Justamente por ter um cargo mais alto. Então é preciso desconstruir a ideia de que este cargo é “quem manda”. Mas na verdade quem incentiva, quem guia e traça as estratégias e objetivos que tentam balancear a qualidade de vida da equipe e a evolução da empresa.
Assim, todos terão liberdade de contrariá-lo quando preciso e de debater de igual para igual. Propondo argumentos e debates para que o resultado de tudo isso seja positivo para a empresa como um todo.
Por fim, ainda que o escritório como um todo incentive o perfil comportamental no trabalho perguntador, cada um tem o seu jeito de lidar com as situações. E sempre existirão perguntadores e adivinhadores, por isso é importante saber lidar com os diferentes perfis. Portanto, é preciso criar uma cultura de amizade entre todos da equipe. Propor horas de lazer e diversão, além de engajar todos positivamente no trabalho. Saber conversar e entender o outro, ter empatia com cada um e paciência, são boas práticas para manter a qualidade de vida e o clima leve e amigável dentro do escritório. E isso é mais importante que saber o perfil comportamental no trabalho de cada um.