Como foi a live sobre saúde e produtividade no trabalho promovida pela Operand
A Operand realizou na última semana de setembro de 2021, uma Instalive sobre produtividade saudável, um verdadeiro convite para repensarmos nossa relação com a produtividade e o trabalho de uma maneira que não nos leve ao esgotamento, além de entender qual o nosso papel, o das organizações e dos gestores nesse cenário.
A live foi mediada por mim, Jonas Rasche, um dos responsáveis pela área de Gestão, Ideias e Pessoas aqui na Operand, e teve como convidada a especialista e investigadora em Burnout e relações de trabalho, Carol Milters. O encontro iniciou com um exercício de respiração, contextualizando a importância de olharmos para essa que é a nossa maior “tecnologia” disponível – gratuita e acessível a qualquer momento -, responsável por nos trazer para o presente e voltar para o estado de harmonia. Assim como destaquei durante a transmissão, acredito que antes de qualquer movimento, vem a pausa e quando compreendemos isso, temos maior consciência do movimento que precisa ser feito.
Ambos concordamos sobre a necessidade de compreender duas questões para uma visão mais real e saudável das relações de trabalho: a primeira é que quando falamos de indivíduos, precisamos usar o verbo identificar e não definir, pois quando definimos, limitamos as variáveis que o ser humano representa. A segunda refere-se a falsa definição de ser. Considerando que somos instantes e seres em evolução, é necessário compreender que estamos de determinada forma, e não que definitivamente somos, o que remete ao estado de movimento constante.
O que os dados revelam
Uma série de pesquisas realizadas antes e depois do período de pandemia revela a importância de trazermos esses assuntos cada vez mais para o nosso cotidiano. Para se ter uma ideia, o povo brasileiro é considerado o mais ansioso do mundo desde 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Confira outros indicadores:
– 53% dos brasileiros notaram uma piora no estado mental entre abril de 2020 e abril de 2021 (Instituto Ipsos);
– 47,3% dos trabalhadores de serviços essenciais revelaram que desenvolveram sintomas de ansiedade e depressão durante a pandemia de Covid-19 (Instituto Fio Cruz);
– 27,4% do total de entrevistados sofre de ansiedade e depressão ao mesmo tempo (Instituto Fio Cruz);
– Cerca de 22 milhões de brasileiros sofrem com ansiedade (números pré pandemia – OMS);
– Cerca de 32% dos trabalhadores brasileiros sofrem com os efeitos do estresse – um dos primeiros sinais da Síndrome de Burnout (OMS).
Síndrome de Burnout: o que é e como evitar?
Também conhecida como síndrome do esgotamento, a Síndrome de Burnout tem como principal fator o excesso de trabalho e pode incluir sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico. Se não tratada, pode evoluir para doenças físicas, como hipertensão, problemas gastrointestinais e depressão profunda.
Carol Milters explica que podemos olhar para o burnout como uma parte do espectro do estresse, e mesmo ele sendo parte da nossa vida, somos feitos para suportá-lo até um certo nível. Esse limite envolve questões genéticas, o contexto em que a pessoa cresceu, as referências que possui, e a forma de ver o mundo que se constrói diariamente. O burnout é exatamente o rompimento desse limite. Segundo Carol, vamos acumulando por muito tempo essa carga, e muitas vezes não percebemos os alertas que o nosso corpo e mente nos dão, através de comportamentos e reações.
Ao falar dos sintomas do burnout, Carol comentou sobre três eixos elaborados por alguns pesquisadores dessa síndrome – Maslach, Schaufeli e Leiter (2001) – que definem as três dimensões da síndrome como: exaustão emocional, caracterizada por uma falta ou carência de energia, entusiasmo e um sentimento de esgotamento de recursos; despersonalização, que se caracteriza por tratar os clientes, colegas e a organização como objetos; e diminuição da realização pessoal no trabalho, tendência do trabalhador a se auto-avaliar de forma negativa. As pessoas sentem-se infelizes consigo próprias e insatisfeitas com seu desenvolvimento profissional.
Os impactos do home office
O home office trouxe consigo novos desafios e perspectivas em relação à produtividade saudável: se por um lado o espaço de trabalho se fundiu ao da casa, sendo necessário uma atenção maior para dividir o tempo de cada coisa; por outro, serviu para compreendermos melhor o nosso ritmo e conseguirmos olhar para nós com maior gentileza, além é claro, de possibilitar tempo e espaço para melhorarmos nossa qualidade de vida, o que impacta diretamente na nossa relação com o trabalho de forma mais saudável.
Como complemento à discussão, Carol Milters cita o estudo de Cristina Maslach em relação às seis áreas estratégicas na relação com o trabalho, e que proporcionam uma harmonia do indivíduo nesse contexto. Carol resolveu incluir mais duas áreas, com base em suas percepções e estudos, confira todas elas: carga de trabalho, autonomia, justiça, sentido, comunidade, recompensa, identidade, descanso.
O bate-papo foi muito rico, refletimos sobre como movimentos sutis conseguem gerar um enorme impacto em nossas vidas e em todas as relações que possuímos, sejam elas sociais, pessoais ou de trabalho. A conclusão que tive é que sim! Conseguimos ser produtivos de forma saudável.
Para ter acesso a todos os detalhes dessa conversa é só acessar a live no nosso perfil do instagram. Aproveite e nos siga por lá!
Entusiasta do autoconhecimento e das relações humanas, atua na área de gestão & gente há oito anos. Apaixonado pela essência e individualidade de cada ser. Tem como busca diária criar espaços para conectar pessoas e propósitos contribuindo para o desenvolvimento.
- Por Jonas Rasche em 04/10/2021
- Categoria: Produtividade, Universo Operand